Viagens, culturas, aventuras, montanhas, escaladas, trilhas, fotografia e filmes da natureza.

“Para viajar basta existir. ... Fernando Pessoa

23 de dezembro de 2009

China


Yangshuo

Aula de danca no parque

Dragoes


A Grande Muralha

Pijama na rua

As artes chinesas

Feliz Natal!

A Cidade Proibida

Olha quem encontrei la



Shanghai

O pais vermelho

A China e um pais em pleno desenvolvimento e os chineses aprendem rapido. Superpopuloso, mao de obra eles tem em fartura. Impressionante como preenchem onibus e trens em um instante, sempre ha pessoas indo e vindo de algum lugar.
Dizem que Shanghai parece Nova Iorque. Eu nunca estive em Nova Iorque mas os neons coloridos e as lojas de primeira brilham na Avenida Nanning. Arranha ceus e uma torre de TV com nome de "Perola Oriental" completam o cenario na Manhattan chinesa.
Pequim e completamente diferente, contem o passado, a historia. A Cidade Proibida ocupa uma grande area no centro da cidade. Algumas salas mostra um pouco de como era a vida dos imperadores. Objetos simples sao como obra de artes. O Palacio de Verao tambem e imenso. Nao era a toa que todo mundo queria queria ser imperador.
Peguei um trem para conhecer a Grande Muralha da China. Badaling e um dos trechos que foi reconstruido por isso a impressao de estar bem conservado. O tempo estava fechado e a nevoa nao deixava ver muito longe. Sei que caminhei por algumas horas somente um pequeno pedaco dessa obra grandiosa, congelando meu nariz e minhas maos.
O frio me fez rumar para o sul. Yangshuo e Guilin tem a beleza natural da China com seu montes de limestone. Ha diferentes formas de explorar a regiao: escalada em rocha, mountain bike ou passeio de jangada de bamboo.
Particularidades (nao exclusividade) chinesas:
- comem sementes, muitas, girassol eu consegui reconhecer
- tomam noodles de pote, em todo lugar tem agua quente
- andam com uma garrafinha para o cha
- fumam, em todos os lugares, ate dentro de onibus
- dao o troco em mercados ou lojas com as duas maos
- queijo e chocolate sao artigos raros, ou caros
- cospem
- furam fila
- comida doce, experimentei uma sopa de arroz (no cafe da manha) e uma salsicha
- andam de pijama na rua
- sites como facebook, multiply ou blogs sao proibidos
- nao usam, nem tem fio dental para comprar

18 de dezembro de 2009

Tashidelek!

Tibet, terra que mantem suas tradicoes, um vasto planalto de paisagens deserticas com altitudes entre 4000 e 5000 metros acima do nivel do mar. O ar e muito seco, quase nao ha arvores. Ha muitos rios gerados pelas geleiras que fazem possivel o cultivo de cereais e criacao de animais, sustento da maior parte da populacao.
Para entrar no Tibet atualmente e necessario uma permissao especial da Republica da China. No Nepal, o unico meio de obter essa permissao e atraves de uma agencia de turismo com um pacote organizado. Acertei um tour saindo de Kathmandu no Nepal a Lhasa no Tibet pela estrada com duracao de 7 dias.
Saimos de Kathmandu com o sol nascendo. Ja faz frio pela manha, mais frio do que quando cheguei no comeco de Outubro. E final de Novembro, o inverno esta chegando. Depois de umas 6 horas de estrada chegamos a fronteira e me despedi do Nepal. Trocamos o Namaste pelo Tashidelek, os vales verdejantes pela imensidao do deserto, as cachoeiras abuntantes pelos rios congelados.
Dia seguinte, acordamos as 7 para o cafe da manha e meu cerebro deu um curto circuito quando vi que do lado de fora ainda estava escuro.
A China mantem um horario para o pais inteiro, mesmo com a sua grandeza. Por isso, no extremo oeste o sol comeca a aparecer la pelas 8, 8 e meia da manha. Foi quando chegamos a uma das diversas passagens que iriamos atravessar pela estrada ate Lhasa. A primeira e Nyalam Pass (3800m) e a segunda e Lalung La Pass (5050m) ambas com lindas vistas das montanhas do Himalaia: Jugal Himal, Shishapangma, Cho Oyo, Lhotse, Makalu e o Everest. Algumas pessoas apresentaram mal de altitude, a maioria com palpitacao e dificuldade para dormir.
Passamos por Tingri, cidade de anciaos, muitos tibetanos em suas roupas tipicas e rostos enrugados pelo trabalho na lavoura em altitude. Demoramos a escolher o que comer com o novo menu. Dez minutos nao e suficiente, em quinze talvez apos reler o menu algumas vezes.
Em Xigatse localiza-se o famoso Tashilumpo Monastery, o nosso primeiro. Impressionante, cheios de imagens de buda e lamas, decoracao colorida e oferendas. Muitas. O povo despeja uma especie de manteiga sobre as velas acesas. Tudo se derrete formando uma imensa massa exalando um odor caracteristico que predomina o interior das salas. Em certas tigelas as mulheres despejam agua quente. Cada oferta tem seu lugar: mel, faixas brancas, cereais... a nao ser as notas de dinheiro. Elas estao em todos os lugares: nas grades, no chao, nos livros sagrados, ate em arvore tinha dinheiro colado no tronco.
O velhor bazar de Xigatse nao mostrou muita novidade (comparando com Kathmandu...) a nao ser pela seccao de carnes de ovelha onde a mercadoria e oferecida inteira sem a cabeca, couro e visceras. Eles "sentam" a peca como se estivesse esperando o comprador. Grotesco.
Deu tempo para um acesso a internet chinesa. A sala e imensa e impregnada pelo cheiro de cigarro. Como esse povo fuma! Em todos os lugares.
Gyantse foi a proxima cidade nao muito longe. Duas horas de viagem para visita ao Khumbum Chorten e Phalkor Monastery.
No quinto dia, depois de varias passagens de 5000 metros, glaciar Karo La e do grande lago turquesa Yandrok Tso chegamos finalmente a Lhasa.
Percebi os sinais de civilizacao como o aumento repentino de veiculos e pequenos edificios ao longo da estrada. Nao esperava a cidade que Lhasa se transformou. As avenidas sao grandes e encontramos lojas de todas grandes marcas. Ha lojas de cosmeticos que parecem com supermercados e supermercados que parecem lojas de departamento. Um verdadeiro choque, e eu preocupada se Lhasa tinha um sistema de correio decente para enviar parte de meus equipamentos de escalada que estavam pesando e ocupando espaco na minha mochila.
O hotel se mostrou o melhor de toda a viagem. Era uma antiga casa que recebeu uma bela reforma. Para a alegria de todos, o quarto era quente e ainda tinha aquecedor eletrico nas camas! A lampada do banheiro tambem ajudava na funcao de aquecer. Nao tinha mais medo de acordar no meio da noite e sair da cama quentinha para ir ao banheiro.
Saimos pelas vielas estreitas e nos deparamos com a peregrinacao ao redor do Jokhang Temple. Seguimos a massa que caminha no sentido horario. Na porta do templo, dezenas de pessoas realizam o movimento de ajoelha, deita, desliza maos e bracos a frente, encosta a cabeca no chao retornando com os mesmos movimentos a posicao inicial repetindo inumeras vezes, ciclicamente. Algumas pessoas passam o dia inteiro nessa pregacao fisica.
Foi inevitavel a chamada do grande Palacio de Potala que brilhava ao sol do entardecer no alto da cidade. Que emocao! Comovente estar de frente a essa maravilha da historia. A pele se arrepiou, os olhos brilharam, o queixo caiu.
So entramos no dia seguinte, com hora de visita marcada e limite de permanencia de uma hora la dentro. Das poucas salas que e permitido visita haviam os saloes grandes, pequenos para receber visitas e tumulos de ouro dos Lamas... muito ouro. De 500 a 3400 quilos de ouro com pedras turquesa e coral encrustadas, muita ostentacao.
Os monasterios Drepung e Sera ficam um pouco mais afastados do centro. No Drepung ha uma mandala para os turistas apreciarem. Ao vivo e impressionante. Mede cerca de 1,5 a 2 metros de diametro, todo desenhado com detalhes minimos em areia colorida em alto relevo. A "casa de buda" leva em torno de 4 meses para ser finalizada com horas diarias de dedicacao, para em um segundo... ser destruida, demonstrando o desapego. Um trabalho minuncioso, uma obra de arte.
No monasterio Sera pudemos observar a discussao dos monges. Eles sentam em grupos e discutem os ensinamentos dos livros sagrados. Um argumenta e faz questoes batendo a palma das maos. Interessante ver os monges tao exaltados e contra argumentando, ainda mais de pantufas de ursinhos. A sessao dura horas.
Encerramos nossa viagem pelo Tibet com um bom jantar com o grupo internacional: espanhois, alemaes, finlandeses, grego, belga e holandesa. Experimentei o tradicional cha tibetano de manteiga: cha com leite, manteiga e sal. Horroroso como todos disseram, todos os ocidentais. Eles tomam todos os dias...
Agora estou no trem mais alto do mundo. Uma obra da engenharia, foi inaugurado em 2006. Ha uma passagem de 5000 metros, altitude mais alta que um trem alcanca hoje em dia. Me despedi do Tibet apreciando pela janela os varios rebanhos de iaques e carneiros pastando nos campos abertos, os rios congelados e pequenas vilas espalhadas na imensidao do deserto.

13 de dezembro de 2009

Tibet

Posted by Celina Takahashi


Potala Palace


argumentação de ursinhos


esperando compradores

monastério

lã para aguentar o frio

detalhes que fazem a diferença

mmm...?

tranças tibetanas

tratores coloridos no planalto

22 de novembro de 2009

Virei noticia! Ama Dablam mais uma vez...

Meus momentos:
http://www.extremos.com.br/noticias/091112-Fui-demitida-e-agora.asp
http://altamontanha.com/colunas.asp?NewsID=1876

Agradeco as mensagens postadas na internet, alguns faz tempo que nao vejo, emocionei...

Nepal... ate a proxima!


Campos de arroz


Cristais de gelo nas bostas de iaque


Topografia nepalesa


Lolypop


Talheres de prata


Monasterio de Tengboche e iaques


Tombstones

Annapurna base camp






Preparei uma mochila superlight, chega de sofrimento, agora era para curtir a trilha. De Kathmandu, foram 7 horas de onibus ate Pokhara. A cidade continua graciosa com seu lago tranquilizante.
Peguei um taxi para Nayapul onde comecei a trilha. Da pra ir de onibus por 100 Rs (US$ 1,40) mas queria comecar a trilha cedo, paguei US$14 por mais de uma hora de estrada de mao unica. Quando um veiculo vem na outra mao, o outro tem que avancar no acostamento que parece maior que a 'estrada'.
Foram 8 dias caminhando pela regiao que proporciona diversas variantes, a mais famosa e o grande circuito que pode ser feito em normalmente 20 dias. E bem diferente da regiao do Khumbu, menos pessoas nas trilhas e cachoeiras de perder a conta. Altas, cascatas, volumosas, corredeiras, de tudo quanto e tipo.
A distancia entre os vilarejos diminue e a altitude tambem. Caminhei sempre pelo vale verdejante com as cachoeiras escoando pelo rio principal. O acampamento base, o ABC como chamam, fica a 4000 metros e 'e um presente quando se chega l'a. Rodeado pelas grandes montanhas nevadas do Annapurna South, Machhapuchhre, Singuchulli...
Gastei em media US$10-15 por dia - todas as refeicoes e estadia nas guesthouses.

13 de novembro de 2009

Descer para depois...

Ja apreciadas as facilidades da civilizacao, comida fresca, com direito a pizza de forno a lenha e bife argentino mal passado, chuveiro com agua quente, privada com agua corrente...
Estou partindo para mais uma trilha para conhecer o acampamento base do temido Annapurna. Cheguei na adoravel cidade de Pokhara e ja reencontrei o lindo lago, charme da cidade. Serao mais uns 8 ou 9 dias de caminhada.
Tentei seguir para Naiapul para ficar mais proximo a entrada da trilha, mas nao foi possivel. Um onibus bateu em um caminhao e bloqueou a estrada. Ninguem se machucou, mas ninguem sabia dizer quantas horas levariam para a estrada ser desbloqueada. Coisas do Nepal.

Agora e so descer

Apos passar dois dias se recuperando no acampamento base, descemos para Namche Bazaar onde nos deliciamos com um belo bife de yaque. Depois, no outro dia, para Lukla.
Fiquei na duvida se voltava pelo caminho de Jiri andando, mas uma colica intensa me fez decidir pelo caminho mais rapido. O caminho original para o Everest levaria uns 4 dias mais, no minimo.
Assim partimos das montanhas, em um voo diretamente para Kathmandu.

8 de novembro de 2009

Ama Dablam!



Ueuuuu
Deu tudo certo na escalada do Ama Dablam.
Estava superaclimatada, Eric tambem estava bem.
O lider da expedicao Chris teve que descer assim como seu assistente.
Ficamos em 4 pessoas, eu, Eric, Pemba e Mama sherpas.
A escalada e linda e um mixto de alta montanha, rocha e gelo.
Depois de alguns dias entre o Acampamento base, Acampamento 1 e Acampamento 2, partimos as 2:00h am do acampamento para o cume.
Oito horas depois estavamos todos deslumbrando a vista do cume, sem vento, sem nuvens, dia de cume perfeito.
Perdi um pouco de sensibilidade das pontas dos dedos das duas maos, de tres deles, espero que em algumas semanas volte... mas claro que valeu a pena!

23 de outubro de 2009

Kala Patar

Nossa, aqui fica tudo pertinho das grandes montanhas. Gorak Shep e o vilarejo mais alto, fica a 5000 e poucos metros a.n.m.
O pior e que nao sei o que comi, passei um mal esses dias...
Ia fazer o Kongma la pass, mas nao deu nao... tava fraquinha ainda com o peso todo da mochila achei melhor descer devagar e descansar esses dias, pois agora vou para o acampamento base do Ama Dablam para comecar a enfrentar a montanha.

18 de outubro de 2009

Island Peak



Depois da tensao do Chola pass veio o Island Peak.
Deu tudo certo, gracas a Deus.
Parti 2:00 am do acampamento base acompanhada do meu guia Temba. Ele achava que faria o pico em 7 horas, fiz em 6.
A escalada e linda com vista para o Ama Dablam, Mera Peak e Makalu. O dia estava perfeito sem nuvens e sem vento.

13 de outubro de 2009

Gokyo




Gokyo e um dos vilarejos mais altos da regiao.


Fiz uma caminhada pelos lagos e finalmente ele: o Everest.


Dia seguinte madruguei para ver o sol nascer em Gokyo ri. Valeu a pena.


Dizem que e a melhor vista das trilhas de la. Deve ser verdade...

Namche - Dole - Macchermo


Ate Dole o tempo estava fechadissimo, nao dava pra ver nada. Dia seguinte... surpresa!

Finalmente os Himalaias!


6 de outubro de 2009

A caminho de Namche Bazaar


Acordei cedo, com uma leve dor de cabeca, comecei a sentor os efeitos da altitude.
Sai de Phakdilng 7:00h. O caminho ate Monjo e cheio de subidas e descidas. No final da vila fica o posto de controle da entrada do Parque Nacional Sagamartha onde se paga 1000 Rs (quase US$15).
Sai de la um pouco depois das 10:00h para continuar em subidas e descidas ate comecar o subidao a partir da ponte mais alta que passei ate o momento.
A primeira ponte vc se assusta, a partir da segunda vc tenta se acostumar rs.
Foi nessa subida que senti o peso e relembrei as diversas ofertas dos porteadores do aeroporto de Lukla. Deve ter dado umas 2 ou 3 horas de subida ingreme, depois ela ameniza.
Comecou a garoar quando comecei a ver os primeiros sinais de civilizacao novamente. Cheguei em Namche!
As expressoes das pessoas ao me verem, acho que agora era mais de espanto. Pudera, tudo doia, os ossinhos do quadril clamavam por piedade.
Acabo ficando no primeiro quarto que visito. Por 200 Rs nao ha muito o que pesquisar. Levei 7h e meia de Phakding, normalmente o pessoal leva 6 horas.
A chuva caiu forte novamente.
Depois de um descanso tomei um banho quente que valia mais que as 250 Rs.
Noddles com vegetais e carne ensopado em oleo = 250Rs.

1º dia nos Himalaias


Tudo comecou na bagunca do aeroporto domestico de Kathmandu. E inicio de temporada e foi uma luta para conseguir um cartao de embarque.
Os avioes que partem para Lukla sao pequenos por causa da minuscula pista de pouso que fica em um patamar na encosta da montanha.
Na saida uma multidao de porteadores e guias ficam no aguardo de uma oportunidade de trabalho. Recuso todos os pedidos, claro que na hora do sufoco essa cena se repetiu varias vezes na minha cabeca.
Comecei a caminhada umas 10:00h, o primeiro trecho e tranquilo, mesmo porque vou descer de 2800m para 2500m.
Ha `tea houses` e `guest houses` por todo o caminho. Me abriguei em uma delas quando comecou a chover. Cheguei em Phakdilng quase 15:00h para meu primeiro pernoite. Achei que cheguei bem considerando o peso da minha mochila que esta com todo o equipamento de escalada e gelo. Normalmente as pessoas fazem esse percurso em 4 horas.
Quarto = 100 Rupias nepalesas = US$ 1.5

3 de outubro de 2009

Transicao de culturas

Kathmandu - Nepal


Kathmandu, capital do Nepal.

Este e o bairro Thamel, uma concentracao de turistas, lojas de artesanato, equipamentos de montanha, hoteis, albergues, internet, restaurantes, bares, mercados, telefone, livrarias, ufa. Tudo isso encaixado em ruas estreitas, dividindo o espaco com motos, carros, bicicletas e requixas.
A buzina e um meio de comunicacao constante.

As vezes uma grande mudanca pode trazer uma grande oportunidade...

Pois bem, vejam so:

Ha duas semanas era uma assalariada normal, com jornada de trabalho de 40 horas semanais e 30 dias consecutivos de ferias por ano. Na sexta-feira do dia 18 de setembro (bem que poderia ter sido no dia 11 ;c) ) tudo mudou. Recebi o comunicado que estava sendo desligada da empresa assim como outros colegas. A crise me pegou.
Apos 2 dias de assimilacao do ocorrido, meus neuronios comecaram a enlouquecer. Dai pra frente foram horas de pesquisa pela internet fazendo, modestia a parte, o que sei de melhor: planejar uma viagem.
Resumindo, falo diretamente de Kathmandu - Nepal, razao da falta de acentos do texto.

Apos longos 3 dias de viagem, entre horas de voo e de espera nos aeroportos, me encontro nos preparativos para uma jornada de uns 30 dias pela regiao do Khumbu, moradia da montanha mais conhecida do mundo: o Everest.



Calma, eu ainda nao enloqueci totalmente, o Everest infelizmente nao esta acessivel ao meu bolso, agora em queda permanente rs.
Sera uma grande caminhada com tentativa a dois picos maiores: o Island Peak e o Ama Dablam.
Bem, ainda nao tenho certeza que nao foi uma loucura...

Vou tentar atualizar esse blog, mas voces podem acompanhar a parte do Ama Dablam no site da empresa responsavel pela expedicao, a Field Touring:

Team page http://www.fieldtouring.com/?page_id=1586

www.twitter.com/fieldtouring
fieldtouring.blogspot.com

Abracos,
Emilia

27 de abril de 2009

As fotos da Travessia nos Lençois Maranhenses das irmãs


Pela primeira e (acho) que última vez, minha irmã Celina caminhou bravamente comigo por esse infinito de dunas e lagoas. Os Lençóis Maranhenses é um raro fenômeno geológico formado ao longo de milhares de anos através da ação da natureza. Um cenário único, fascinante.

O relato está em: http://emiliay.multiply.com/journal/item/5/5 aos que já leram, acrescentei uma perguntinha de Celina no final, espero que me ajudem a responder... rs

Pontos de GPS da trilha: http://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=367450

Agora o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=5IMjxDh7fjc

23 de abril de 2009

A Travessia dos Lençois Maranhenses das irmãs Takahashi



Resoluta em conhecer os Lençóis Maranhenses encontrei a oportunidade no feriado de Tiradentes aliado as milhas que estavam "sobrando" da minha mãe. Convidei minha irmã Celina a participar da aventura e ela topou. Mal sabia em que estava se metendo...
Apreensiva com a responsabilidade da navegação, juntei informações do pessoal que havia feito a travessia: Roberto, Paula, Luiz, Cela, Jorge... cada um com uma versão dos Lençóis, uma para cada época do ano, o que é unicamente comum em todas elas é a beleza indescritível do lugar. Abril faz parte da época de chuvas, e para agravar, o Maranhão não parava de sair nos noticiários mostrando suas cidades inundadas, submersas pela água.
Chegamos em São Luiz pela madrugada, dormimos em um hotelzinho entre o aeroporto e a rodoviária ambos longe do centro da cidade. O muquifinho saiu R$63 para nós duas com café da manhã sem chuveiro quente, o que parece ser normal na região que faz calor o ano inteiro. A passagem de ônibus para Barreirinhas custa R$28 com saídas às 6:00h, 8:45h e 14:00h. São 4 horas de viagem com as várias paradas no caminho. Em Barreirinhas já na descida do ônibus fomos recepcionadas por várias ofertas de hospedagem, vantagem de temporada baixa, conseguimos uma pousada por R$50 (2p) bem agradável: a Pousada Vitória dos Lopes. O resto do dia serviu para almoçar, procurar uma agência para levar às lagoas e jantar. O engraçado era escutar um "arigato" aqui e lá e receber várias ofertas de guia para a travessia. Uma japonesa já é difícil para aqueles lados, duas então é demais! Devo ter comentado com alguma pessoa que iria fazer a travessia, e no final da tarde parecia que a cidade inteira já sabia. Acertamos o passeio para a Lagoa do Peixe por R$35 cada uma (normalmente R$50).
Na manhã seguinte, o céu estava nublado e logo começou a chover. A Toyota nos pegou às 9:20h e seguimos com outros turistas no carro. São várias estradas de areia e vários alagados o que acabou tornando o passeio mais emocionante. Nem imaginávamos que aquilo não era nada para aquelas Toyotas guerreiras, e depois descobrimos o porquê dos seus respiradores na altura do teto da cabine. Depois de 1 hora de viagem e algumas gravetadas no braço de Celina dos galhos que teimavam em crescer no caminho chegamos ao fim. Havia algumas barraquinhas de artesanato, um pequeno lago, um morro de areia e uma corda. Descobrimos que estávamos em Lagoa Bonita, um ponto mais distante do que a Lagoa do Peixe! Subimos o morro de areia com o auxílio da corda e deparamos com a paisagem estonteante: dunas e dunas e várias lagoas azuis entre elas. Após praguejar um pouco por conta do erro de logística, deixamos os turistas que nos desejaram uma boa sorte. Começamos a caminhar 11:00h, o sol começou a dar as caras. A areia estava dura por conta das chuvas e assim, nesse momento era melhor caminhar de papete. Celina se adaptava entre a papete e a botinha de neoprene com solado de borracha. Acabou caminhando com os dois. Um dentro do outro.


A temperatura é quente, mesmo nublado faz calor, só ameniza quando bate um vento. Quando bate o sol... é um calor dos infernos. Com a areia molhada o vento não consegue levantar a areia, não castiga nossas pernas como havia lido em relatos de época seca. Começamos a nos acostumar a estudar o caminho a seguir, mas sempre havia uma emoção de não saber se o caminho continuava ou terminava em uma lagoa. As lagoas estavam cheias, muitas não dão pé. Paramos para o almoço e finalmente meu primeiro tchibum na água. Que paraíso! A amplitude do lugar... a transparência da água... só com dunas nos rodeando... Por algum tempo conseguimos contornar as lagoas, mas chegou o momento de ter que atravessar uma delas. Escolhemos um local que havia acabado de conectar uma lagoa a outra, visivelmente mais raso. Como as aparências enganam, foi aí que conhecemos a famosa areia movediça. O fundo parece raso, mas quando pisamos, o pé afunda até encontrar o fundo real, se encontrar. Nessa primeira travessia felizmente era raso, afundando até quase os joelhos. Em outra não fomos tão felizes assim, especialmente para Celina que foi em direção a um suposto banco de areia e afundou as pernas até as coxas, assustada, até gritou por socorro. Esse episódio acabou traumatizando-a e cada vez que tínhamos que atravessar algum trecho alagado ela me olhava com uma mistura de medo/inconformação/preocupação e esperava eu testar a profundidade antes de colocar o pé na água.
Olhávamos para trás e víamos a mata se afastando cada vez mais. Quando o vestígio verde de trás desapareceu, passamos um tempo só rodeadas pelas dunas. No final da tarde conhecemos os insetos asquerosos brancos, uma mistura de lacraia com escorpião saindo de buracos na areia. Um pouco depois avistamos um trecho de mato no horizonte a frente e gritei:
- Baixa Grande!
Apesar de me orientar pelo GPS, sempre batia uma dúvida e confirmava a direção norte/noroeste com a sombra que o bastão fazia quando o pendurava na vertical. Já vacinada com informações não fiquei empolgada, pois sabia que ainda iria demorar, ao contrário de Celina que já sonhava com uma rede pra dormir aquela noite. Algumas horas depois, o matinho do horizonte continuava longe, foi quando ela comentou:
- Tá bom, já não estou tão empolgada assim pra dormir em uma rede...
Assim paramos e armei a barraca entre duas lagoas, uma azul e a outra com vegetação rasteira. Jantamos antes do sol se pôr, Celina entrou na barraca com medo das lacraias aparecerem e já com dores nas panturrilhas roxas e calcanhares vermelhos. Tirei algumas fotos com direto a pôr do sol nas dunas e a arco íris, a chuva estava se aproximando. Foi começar a escurecer, os primeiros pingos começaram a cair. Choveu a noite inteira com poucos períodos de trégua até o amanhecer.


O sol apareceu, acordamos e minha irmã reclamou do calor e que eu era espaçosa. Pudera, nós duas na minha pequena barraca, com as mochilas dentro e o calor do Maranhão... Depois do café da manhã dei o meu mergulho matinal, desmontei a barraca e às 7:00h já começamos a caminhar. Mesmo cedo, já estava muito quente. A areia começou a arranhar o meu pé de papete, continuei descalça. Às 10:00h alcançamos a mata verde de Baixa Grande onde passamos do lado esquerdo nos mantendo nas dunas. Parece que avistamos no meio da mata o que parecia ser um telhado de uma casa, mas não era nosso destino. Concentramo-nos agora na direção de Queimada dos Britos. Apareceram mais alguns arbustos espalhados na linha do horizonte, continuei me orientando pelo GPS. Algumas dunas depois, pausa para descanso e mais tchibuns, nisso duas chuvas passaram por nós, uma a frente e outra depois ao fundo. Parece que estávamos em paz, pelo menos com São Pedro.
Ás 14:00h nos deparamos com uma faixa de alagado maior e estava com uma certa correnteza. Algumas lagoas formam uma correnteza dando voltas entre si, mas essa parecia mesmo ter um sentido. Teríamos chegado ao Rio Negro? Pelo GPS o ponto que Cela e Luiz atravessaram distava no mínimo 3 km adiante. Como a faixa parecia não ter fim, convenci Celina de atravessar que se sentiu mais segura quando vimos um porco fugindo da gente fazendo a travessia:
- Olha lá, se o porco atravessa a gente também consegue!
Mais tarde soube, de acordo com Eduardo, que os porcos flutuam na água. Fui me guiando onde havia "ondinhas", significando ser mais raso, a água bate no fundo e empurra a água para cima. Depois de "charfundar " um pouco conseguimos atravessar a larga faixa, subimos a duna e lá em cima a surpresa: um emaranhado de alagados por todos os lados. Sentamos um pouco para descansar e decidir que rumo tomar quando surgiram duas pessoas caminhando em nossa direção. Eram Eduardo e Jade, saíram da casa da mãe dela fazia 1 hora em Queimada dos Britos e seguiam para Betânia. Falaram que passaram pelo Rio Negro com água pela cintura e que de lá havia uma estrada pois uma Toyota iria buscar algumas pessoas. Eu com receio da travessia do rio e Celina movida com a possibilidade de resgate da casa resolvemos seguir o caminho deles seguindo suas pegadas. Despedimo-nos e fomos entrando mata a dentro atravessando vários riachos. Deparamos com uma grande lagoa, logicamente as pegadas desapareceram. Com as mochilas na cabeça seguimos. Celina apontou um pedaço de areia a frente, mas quando a água chegou na minha boca fui para um outro pedaço de areia mais perto. Tentamos seguir por alguns caminhos deixados por pegadas de animais, mas só ganhamos arranhões e galhadas daquele mato e árvores baixas de troncos retorcidos. Em um momento conseguimos subir e avistar uma fumacinha que saía do meio da mata, mas era impossível chegar lá sem uma trilha! Resolvemos voltar

tudo assim poderia passar por fora daquela mata toda, quando atravessamos o lago novamente encontramos com Eduardo. Ele havia deixado Jade ao encontro de seu marido e regressava para Queimada. Seguimos com ele pelo "caminho" beirando várias lagoas e pensamos juntas: ia ser impossível achar esse caminho! Em uns 20 minutos nos deparamos com uma casa, galinhas, porcos, cachorros, Dona Joana, seu Raimundo, filhos e netos. Instalamo-nos em um dormitório rede, a noite caiu e proseamos um pouco matando algumas curiosidades. Lá tinha sido filmado a Casa de Areia, ela mostrou a foto tirada com Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Andrucha e toda equipe de filmagem. Contaram que reconhecem seus cabritos pelas marcas feitas na orelha e que as dunas andam cerca de 30 metros por ano. Aquela era a segunda casa deles. Sem condições de continuar caminhando, Celina não sossegou enquanto Joana não conseguisse acertar com alguma Toyota de buscá-la no dia seguinte. Choveu a noite inteira novamente. Dessa vez, pela manhã a chuva não cessou.

A Toyota chegou na casa de Joana antes de tomarmos o café da manhã e o motorista Carnaval queria sair logo pois já estava assustado com a quantidade de água que pegou na ida. Cheguei a pensar em continuar a jornada a pé, mas com um tempinho daqueles e sem prospecção de melhora, resolvi acompanhar minha irmã no veículo. Para sair de Queimada dos Britos a Toyota teve que atravessar várias lagoas assustadoramente. Passamos por Queimada dos Paulos e logo saímos nas dunas novamente. Apreciamos a volta, dessa vez a passeio. Um pouco mais de uma hora chegávamos a Santo Amaro do Maranhão.

Conseguimos as últimas passagens para São Luiz, a Toyota sai 11:30h e leva até a BR para pegar o ônibus oficial. Almoçamos uns pitus enormes com o guaraná rosa Jesus, depois, atravessamos um rio de canoa para pegar a Toyota que nos esperava na outra margem. Parecia ser impossível, mas falaram que em época seca essa travessia é feita com o carro. Esse último trecho de carro foi o mais emocionante. Atravessamos várias lagoas, algumas a água chegou a invadir a plataforma dos bancos! Torcíamos para que o veículo não ficasse atolado no meio da travessia. Mais de duas horas de aventura off road chegamos na BR, aguardamos o ônibus oficial surgir e nos levar para São Luiz finalmente.
Os Lençóis Maranhenses é um fenômeno da natureza, uma rara formação geológica de beleza ímpar. Fui embora com aquele paraíso na terra na memória. Celina teve sequelas, físicas e psicológicas. Suas pernas levaram dias para desinchar e perguntava:
- Por que vocês fazem isso hein?
;c)
Os pontos de GPS e o trajeto realizado se encontram no seguinte endereço: http://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=367450